Entrevista ao circuito UFMG sobre efeitos da Educação e Saúde no PIB
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Entrevista ao circuito UFMG sobre efeitos da Educação e Saúde no PIB


Na última terça-feira dei uma pequena entrevista à TV UFMG daqui de Belo Horizonte, canal 12 (Net e Sky) ou no 14 (Oi TV) . O tema da entrevista foi um estudo que saiu no comunicado Nº 75 do IPEA e mediu por meio das técnicas de multiplicador econômico derivadas da matriz de contabilidade social, qual o retorno dos investimentos na área social. De fato, de acordo com o estudo, a área de educação obteve o primeiro lugar em termos de multiplicador de renda, seguida pela área de saúde.

O editorial do circuito UFMG me chamou para comentar sobre a relação entre crescimento do produto e os gastos sociais. Abaixo estão as perguntas enviadas por e-mail, com um roteiro das minhas respostas. A parte escrita está mais longa e com mais detalhes, a parte da TV é um resumo rápido disto.

PERGUNTAS:
  1. Qual a relação entre o crescimento do PIB e os gastos feitos com Educação e Saúde?
  2. O Cálculo feito para mostrar o retorno do investimento em educação e saúde é feito levando em consideração principalmente quais fatores.
  3. Na quinta-feira, dia 03, foi anunciado que a prioridade da nova gestão do governo de Minas são os investimentos em infraestrutura. Quais as vantagens para a distribuição de renda e crescimento do PIB com gastos nesta área? O governo de Minas está retirando dinheiro da saúde e educação para investir em infraestutura? Quais serão os prejuízos desta ação a Longo Prazo?
  4. Em relação aos investimentos em tecnologia, como eles afetam o crescimento do PIB?
  5. Por que onvestimentos em gastos sociais rendem mais do que investimentos na construção civil, exportação entre outros gastos?
  6. O FMI prevê um aumento de 4,5% no PIB brasileiro para 2011, cerca de 0,4% a mais do que no ano passado. Você acha que esse crescimento será causado principalmente por gastos em educação?
RESPOSTAS:

1. No Brasil o setor educacional público e privado movimenta, em geral, uma quantia de 5% do PIB, e o setor de saúde (público e privada) quase 4% do PIB, os dois juntos respondem por cerca de 10%. Poucos setores de serviços tem uma influência tão grande. Junta-se a isso o fato de que esses dois setores contribuem não só com o crescimento atual do PIB corrente, como potencializam os ganhos futuros. Uma sociedade mais educada é capaz de produzir com maior eficiência e qualidade. E uma sociedade saudável vive por mais tempo e com maior qualidade de vida. Olhar esses dois setores de forma conjunta é sempre bom por valorizar a capacitação das pessoas, tanto pelo lado da educação quanto pelo lado da saúde.

2. Existem vários métodos para se contabilizar os efeitos dos investimentos em educação e saúde. Um deles é o método do multiplicador (que foi o que o IPEA utilizou). Essa método capta toda a cadeia produtiva da saúde e educação e vê o quanto isso gera em renda para as famílias. Outro método leva em conta os benefícios futuros de uma maior escolaridade da população e de um melhor nível de saúde, trazendo-os a valor presente e comparando ao investimento realizado. As contas do IPEA poderiam ser ainda mais favoráveis para educação e saúde caso se acrescentasse também essa metodologia, dado que já se sabe o que esses dois setores agregam à renda quando potencializam a renda futura.

3. Os gastos governamentais podem ser divididos em duas naturezas: dispêndio (também chamado de custeio) e o Investimento. A infraestrutura é um investimento e o investimento é bom por aumentar o PIB e capacitar a população para maiores ganhos no futuro. Mas nesse quesito é preciso olhar essa divisão sempre com muita cautela. A construção de uma escola ou hospital é encarada como investimento, no entanto o pagamento de salários de professores e médicos é visto como custeio. Porém, sabemos que não existem escolas sem professores e alunos nem hospitais sem médicos, enfermeiros e pacientes. Alguns gastos de custeio como esses em educação e saúde deviam ser vistos como verdadeiramente um investimento, pois capacitam a população.

4. Os investimentos em tecnologia, que pode ser vista como a melhoria de processos, possuem uma inegável contribuição ao crescimento econômico e qualidade de vida. No que tange os hospitais, por exemplo, a tecnologia traz diversos avanços, deixando os exames cada vez mais precisos, confiáveis e sofisticados. Cabe observar somente que tais investimentos têm de ser bem-feitos e lembrar que políticas que prezam a ciência e tecnologia têm de ser cultivadas no longo prazo, pois os retornos não são tão imediatos.

5. Os investimentos sociais e de qualificação das pessoas são os que mais importam para a economia, pois eles são a base para fazer com que todas essas outras áreas mencionadas na pergunta se tornem ainda mais produtivas.

6. As previsões costumam a falhar. Esses 4,5% do FMI são apenas um referencial, não quer dizer que a previsão vá ocorrer. Observando o crescimento do ano passado e a recuperação do contexto mundial, eu diria que é possível que o Brasil ultrapasse a meta desse ano. Porém, o país deve estar atento para as áreas onde investe mal os seus recursos. Alguns exemplos conhecidos da área da saúde e educação (equipamentos comprados que esperam hospitais, falta de leitos, escolas sem gerenciamento adequado) nos mostram que os resultados poderiam ser ainda melhores.

A entrevista que foi ao ar na terça-feira está no video abaixo.


A integra do programa circuito UFMG está no link:
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http://www.ufmg.br/online/tv/arquivos/018166.shtml


Curiosidade, um especial do circuito UFMG conta com a entrevista da profa. Ma. Conceição Tavares:

http://www.ufmg.br/online/tv/arquivos/016636.shtml




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