Qualquer semelhança é Mera Coincidência?
Exame Anpec

Qualquer semelhança é Mera Coincidência?


Caros leitores, creio que há muita relação deste texto sobre descobretas novas da física e interpretação de teoria também da economia. Em economia também existe o problema da agregação do capital. E as propriedades emergentes de nosso modelos atomisticos.

É um texto legal para se ver aquelo que Lakatos chama de Programas de Pesquisa.

o link é este aqui, segue o texto:

Idéia reemergente
Debate sobre limites do reducionismo na ciência ganha fôlego após estudo sobre simulação de átomos

IDÉIA REEMERGENTE

Folha de S. Paulo 12-10-2008

MARK BUCHANAN
DA "NEW SCIENTIST"

Uma das grandes metas da ciência é explicar cada aspecto da natureza em termos de leis fundamentais simples. Mas será que é possível? Um grupo de físicos alega ter obtido uma evidência de que algumas coisas simplesmente não podem ser computadas, e que a natureza pode ser mais do que a soma de suas partes.

A idéia do reducionismo, uma ferramenta-chave em ciência há séculos, sustenta que tudo na natureza pode ser compreendido eventualmente ao se conhecer suficientemente bem as suas partes. As leis da dinâmica dos fluidos, por exemplo, podem ser derivadas das leis mais profundas sobre movimento de átomos e moléculas, que por sua vez seguem princípios da física quântica.

Em 1971, o físico Philip Anderson mostrou que poderia haver um problema com essa abordagem. Ele sugeriu que alguns sistemas podem ser mais do que a soma de suas partes. Haveria uma "emergência" -a noção de que tipos importantes de organização podem emergir em sistemas com muitas partes interagindo entre si, na qual as leis não derivam das propriedades das partes. Se for assim, mesmo o conhecimento perfeito da física em um nível seria inadequado para compreender a organização em níveis superiores. Desde então, seguiu-se um debate.

Agora, o grupo de Mile Gu, da Universidade de Queensland em Brisbane (Austrália), alega que pode ser possível provar a idéia de Anderson. Eles estudaram um esquema matemático básico chamado modelo de Ising, usado para descrever como o magnetismo surge no ferro e em outros materiais a partir da organização coletiva de seus átomos.

Para ter uma idéia do modelo de Ising, imagine uma grade tridimensional de átomos. Cada átomo age como se fosse um pequeno imã para os outros ao redor. Ele adota uma orientação que depende das forças entre os átomos. Isso reflete o que acontece em materiais do mundo real, no qual átomos adotam padrões diferentes de orientação que dependem das forças atômicas. No ferro, por exemplo, os átomos às vezes apontam em uma direção similar -fazendo o material tornar-se magnético como um todo- enquanto em ligas metálicas o padrão é mais complexo.

Usando o modelo, o grupo se focalizou na questão sobre se o padrão que os átomos adotam sob vários cenários, como o estado mais baixo de energia, pode ser calculado a partir do conhecimento dessas forças. Eles descobriram que, em alguns cenários, o padrão de átomos não podia ser inferido dessa maneira -mesmo dispondo de poder computacional ilimitado. Em jargão matemático, esse sistema é considerado "formalmente indecidível".

"Nós conseguimos encontrar diversas propriedades que eram simplesmente desacopladas das interações fundamentais", diz Gu. Mesmo algumas propriedades realmente simples do modelo, como a fração de átomos orientados em certa direção, não pode ser computada. Uma versão preliminar do estudo está na internet (www. arxiv.org/abs/0809.0151).

O resultado, afirma Gu, mostra que alguns dos modelos usados por cientistas para simular sistemas físicos podem, na verdade, ter propriedades não relacionadas com o comportamento de suas partes. Isso, em contrapartida, ajudaria a explicar por que nossa descrição de natureza opera em tantos níveis, em vez de funcionar a partir de um só. "Uma "teoria de tudo" pode não explicar todos os fenômenos naturais", diz Gu. "A compreensão real pode exigir mais experimentos e mais intuição a cada nível."

Atoleiro filosófico

Alguns físicos acreditam que o trabalho de Gu confere uma carga científica promissora à delicada questão da emergência -que tende a se imobilizar num atoleiro de argumentos filosóficos. John Barrow, da Universidade de Cambridge, considerou o resultado "realmente interessante", mas diz crer que um dos elementos da prova requer mais estudos. Ele ressalta que Gu e seus colegas derivaram seu resultado a partir do estudo de um sistema infinito -em vez de usar um que fosse grande, mas de tamanho finito, como a maioria dos sistemas naturais. "Então, não está totalmente claro o que os resultados deles significam para sistemas finitos reais.

Gu concorda com o argumento, mas afirma que não era esse o objetivo de seu grupo. Ele também argumenta que as leis matemáticas idealizadas, que cientistas usam rotineiramente para descrever o mundo, freqüentemente se referem a sistemas infinitos. "Nossos resultados sugerem que algumas dessas leis provavelmente não podem ser derivadas de princípios simples", afirma.



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